sábado, 7 de agosto de 2010

Diários pessoais

"Somos todos seres humanos, feitos da mesma matéria. Porém alguns, acreditando-se superiores, criam leis, empunham armas e subjugam outros seres, também humanos. Porém despidos das armaduras e do poder que os sustentam, tornam-se apenas humanos.

Se houvesse consciência de todos, desnecessário seria pedir um minuto de silêncio em respeito a tantas vidas ceifadas.

Que essa mensagem encontre alguém, que seja mais que um simples pedaço de papel em branco.

Sei que é difícil, mas apesar de tudo eu ainda acredito na bondade humana." - Relatório poético de Edilia Araujo



"Cheiro de dor, morte, agonia. Aprendi a me virar sozinho, mas vejo uma luz no fim do túnel. A essência da guerra me contamina. Meus sonhos, os meus sonhos... Eu quero a Paz! Eu preciso de paz." - Relatório poético de Igor Gugão.






20 de abril de 1992
" A guerra parece tudo, menos uma brincadeira. Ela destrói, mata, incendeia, separa, traz a infelicidade. Hoje uma chuva de granadas caiu sobre o centro antigo da cidade de Sarajevo. Explosões aterrorizantes. Descemos para o porão - estava frio, tudo escuro, é deprimente. E o nosso nem é tão seguro. Ficamos nós três, papai, mamãe e eu, encolhidos num canto onde tínhamos a sensação de estar em segurança." - Zlata Filipovic, 11 anos; Bósnia- Herzegovina - Guerra dos Balcãs.



" Ainda resta um sopro de vida, mas a matéria encontra-se completamente destruída. Os fatos que invadiram meu mundo fizeram com que minha alma se escurecesse cada vez mais.
Hoje vejo o reflexo de uma face, que não é mais minha... No fundo uma vontade interminável de resgatar o meu ser!
As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam os pássaros! Talvez eu ainda acredite na bondade humana, talvez..."
- Relatório poético de Giovanna Monteiro.




"O que adianta falar se vivemos num mundo de surdos? O que adianta enxergar se vivemos na escuridão? O terror destruiu o meu corpo, envenenou a minha alma... Mas apesar de tudo acredito que um dia alguém ainda me dará uma flor. Dessa flor surgirá um jardim, deste jardim os meus campos... Talvez assim eu não fique sozinho! Talvez assim eu me junte a um exército de tolos que acreditam que ainda existam homens bons."
- Relatório poético de Gustavo Cruz



1º de outubro de 1941

"Uma massa de pessoas aprisionadas. Todos começam a se acomodar nos cantos, nas escadas. Travesseiros e trouxas são espalhados sobre os tijolos duros e tábuas, e as pessoas adormecem. Na luz vejo pessoas deitadas sobre os tijolos como farrapos na lama. Penso: em que tipo de criatura fraca e indefesa pode se transformar um homem? Estou no final de minha forças.[...]Somos como animais cercados pelo caçador. O caçador está por todos os lados: sob nós, acima de nós, de cada um dos lados." Yitskhok Rudashevski, 13 anos, Lituânia - Segunda Guerra Mundial. Neste trecho ele descreve o gueto judaico para o qual foi levado. As condições de vida eram hediondas, havendo pouquíssima comida disponível e a constante ameaça de violência por parte dos nazistas.




"Vejo os meus sonhos passarem diante de meus olhos, corro para não os perder.
Sinto um vazio. Eu quero gritar!
Ninguém se mexe, ninguém se move, nada acontece.
Mas meu coração bate, ele pulsa, ele chora!
Ninguém se move, ninguém se mexe, eles não se importam.
E então eu me pergunto, por quê?
Se eu sou igual a você!
Eu sinto um vazio. Eu quero gritar!"
- Relatório poético de Regiane Brito








21 de agosto de 1939

"O presente é uma esfera luminosa. Atrás dele - o passado; à sua frente - o futuro. Tudo isso paira na escuridão total, enrolando e desenrolando, ora gentilmente, ora com vigor. Por baixo há um abismo, por cima, vapor. A escuridão é completa. A esfera cai e se espatifa, e tudo está perdido, ou a esfera plana rumo ao futuro, o que significa esperança. O que acontecerá com ela? Nós, mortais, somos incapazes de influenciar os acontecimentos e aguardamos passivamente nosso destino. Ao menos é assim que eu vejo as coisas.[...] Agora preciso parar. Tudo chega ao fim, e assim também é com a infelicidade. Um dia quem sabe eu leia estas páginas e diga: ' Sou feliz demais para recordar como me sentia naquela época'". - Inge Pollak, Áustria - manteve seu diário dos 12 aos 15 anos durante a Segunda Guerra Mundial.

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