domingo, 13 de junho de 2010

Primeiros diários.

Em duplas, selecionamos um dos diários do Vozes Roubadas para elaborar um estudo de cena. Utilizando propostas de ambientação cênica, contextualização do conflito que o diário retrata, sonoridades, figurinos e elementos expressivos.
Começamos a trabalhar com parcelas significativas dos diários que nos traria a possibilidade do diálogo entre essas distintas vozes, assim fomos criando narrativas enviesadas e ocorreu que as poucos percebemos que elas se complementavam.
Dentro do estudo dos diários foi fundamental a procura de qual seria uma última palavra, aquela que necessitava ardentemente ser partilhada.

Um dos diários que escolhemos foi o de Sheila Allan, ela tinha 17 anos quando começou a escrever quando seu país Cingapura, foi atingido pela Segunda Guerra Mundial. Sheila foi levada juntamente com seus pais para a prisão de Changi , na região leste de Cingapura. De início, os prisioneiros de Changi tinham liberdade para vagar pela área, mas logo depois cercas foram erguidas ao redor dos campos individuais e a circulação entre eles tornou-se limitada. O cotidiano do campo era organizado pelos próprios prisioneiros, que preparavam concertos e outras formas de entretenimento para passar o tempo.


“8 de dezembro de 1941.

A vida ociosa que levo
É como um agradável sono
No qual descanso e medito
Sobre os sonhos que me rodeiam,
E ainda entre todos os sonhos
Que passam brevemente um após o outro,
Cada qual na sua ilusão parece
Mais nobre que o anterior;
E toda noite eu digo,
Sabendo ter os pés no paraíso
Que jamais conheci em toda minha vida
Um dia como este.
Robert Bridges


Que infelicidade! Como são verdadeiros os dois últimos versos, pois o dia de hoje marcou o início da “ Guerra da Malásia”!
Guerra? Impossível! Não pode ser! Todo o meu ser gritou contra ela, por esmigalhar a paz de minhas férias nas montanhas; por invadir minha vida calma e tranqüila, por me fazer sentir ao mesmo tempo agitação e medo. Na verdade, ressentia-me dela por ter causado uma virada emocional tão estranha para mim [...]”

Sheila Allan; pág. 152- Vozes Roubadas.

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