segunda-feira, 21 de junho de 2010

Momentos de dor.

Estas cenas foram inspiradas nos diários de guerra do livro Vozes Roubadas, buscando os momentos que os diaristas relatavam seus sentimentos de desespero, injustiça, perda e tristeza. Com as narrativas que surgiram, trabalhamos com três diferentes tempos; como narradores, relatando os acontecimentos e a história, outra vivenciando os fatos no passado e o por final no presente. Surgiu uma nova construção de cenas enviesadas, o princípio utilizado para a criação foi: utilizar imagens, sonoridades e elementos expressivos.

Um dos estudos foi inspirado nos trechos do diário de Hoda Thamir Jehad
Guerra do Iraque/ 2003-4 (18-19 anos de idade)


Hoda é o mais jovem membro de uma família moderada e culta de advogados, jornalistas e professores. Nascida em 11 de outubro de 1985 em uma cidade ao sul do Iraque. Hoda foi em grande parte criada pelos irmãos e irmãs mais velhos, após a trágica morte de seu pai num acidente de carro quando ela tinha apenas dois anos de idade. Iniciado em 2003, seu diário relata o desenvolvimento da guerra do Iraque com a chegada de tropas americanas e inglesas para depor o regime do ditador Saddam Hussein.



20 de janeiro de 2004
“ Eu sou uma presa, perdida entre a multidão, assustada e com medo e sem saber como fugir. Devo ficar aqui bem quieta até ser devorada e feita em pedaços? Seria minha fraqueza? Mas minha fuga não seria uma demonstração de fraqueza; em vez disso, seria a canção de minha fuga da injustiça. [...] Mas estou sempre pensando nos eventos que fizeram de mim um ser humano tão devastado, fugindo do tempo e da verdade.


Suspiros inaudíveis...
Um governo fracassado...
E uma vida ainda pior,
E as horas vão passando,
E a fome é agonizante...
Crianças sofrendo,
E a verdade não emerge.
Espalhe-se a repressão,
E não há uma consciência sábia para deliberar,
E ninguém escuta o que é direito.
Os olhares das pessoas simples se perdem no horizonte...
E não há uma alma generosa à vista.
Mas há uma voz na distância...
Que começa a se espalhar...
É a voz da verdade,
Mas não a da satisfação.”

Hoda Thamir Jehad

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